Denomina-se Esclerose pelo fato de, em resultado da doença, se formar um tecido parecido com uma cicatriz, que endurece, formando uma placa em algumas áreas do cérebro e medula espinal. E Múltipla, porque várias áreas dispersas do cérebro e medula espinal são afetadas. Os sintomas podem ser leves ou severos, e aparecem e desaparecem, total ou parcialmente, de maneira imprevisível.
Classicamente podemos considerar a existência de 3 grandes tipos de Esclerose Múltipla:
Esclerose Múltipla Surto/Remissão (Recorrente Remissiva)
A forma mais comum de Esclerose Múltipla em doentes com idade inferior a 40 anos é a Esclerose Múltipla por surtos e remissões, que ocorre em 60% dos casos. Os doentes sofrem "ataques" - também denominados surtos ou exacerbações - seguidos por períodos de remissão com recuperação completa ou quase completa. Chama-se surto a ocorrência aguda de sintomas indicando atingimento do Sistema Nervoso Central, com a duração de pelo menos 24 horas. O tipo de sintomas é muito vasto, porque depende da parte do Sistema Nervoso afetado. Podem ser leves e desaparecerem sem tratamento, mas geralmente é necessário tratar com corticoesteroides injectáveis. Os surtos podem ocorrer separados por semanas, meses, ou mesmo anos, sem acumulação de incapacidade, mas com o passar do tempo podem tornar-se mais numerosos e intensos. Esta forma não é muito debilitante, apesar de os doentes poderem entrar mais tarde numa fase progressiva.
Esclerose Múltipla Secundariamente Progressiva
Este tipo de Esclerose Múltipla resulta da evolução da forma anterior Surto/Remissão, por isso se chama secundariamente progressiva (cerca de 25% de todos os casos). Nesta fase, os doentes continuam a ter surtos mas a recuperação torna-se incompleta, originando uma deterioração progressiva da condição física ao longo do tempo. A continuação da progressão ocorre independentemente dos surtos e a incapacidade global aumenta gradualmente com o tempo, apesar de a velocidade de progressão da doença ser imprevisível.
Esclerose Múltipla Primariamente Progressiva
Os doentes cuja incapacidade se agrava continuamente sem surtos, remissão ou recuperação, sofrem de Esclerose Múltipla primariamente progressiva. Esta forma é comum em doentes que sofreram os seus primeiros sintomas após os 40 anos de idade (cerca de 15% dos doentes com Esclerose Múltipla). É a forma mais incapacitante da doença e mais problemática quanto ao tratamento.
Sintomas
Se existirem lesões no Sistema Nervoso Central, a localização da lesão determina a natureza dos sintomas resultantes. Os sintomas aparecem devido à interrupção da condução dos impulsos nervosos entre o Sistema Nervoso Central e o resto do corpo.
Por exemplo, lesões no cérebro podem provocar:
» | Visão dupla; |
» | Falta de força e de sensibilidade nos membros; |
» | Falta de controlo dos movimentos finos das mãos: mão "inútil"; |
» | Desequilíbrio; |
» | Alterações na memória; |
» | Fadiga; |
De lesões da espinal-medula pode resultar, por exemplo:
» | Entorpecimento e fraqueza dos membros; |
» | Perturbações da bexiga; |
» | Espasticidade; |
» | Rigidez e sensação de membros pesados; dormência, dores, comichão; |
» | Dificuldades de locomoção; |
As lesões do nervo óptico, que estabelece a ligação entre os olhos e o cérebro, provocam com frequência visão turva e perda da percepção das cores.
O tratamento adequado para a Esclerose Múltipla começa por manter um bom estado de saúde geral, prosseguir uma vida activa, uma alimentação equilibrada, repouso suficiente, de modo a sentir-se bem, mantendo a forma física e psíquica.
É também fundamental um programa de exercícios e ginástica muscular, na medida em que, ajuda os doentes a recuperarem dos surtos e a diminuir a tensão muscular. Exercícios de treino do equilíbrio, podem ajudar os doentes a tornarem-se mais auto-confiantes.
Em virtude da evolução da Esclerose Múltipla ser imprevisível as necessidades e as capacidades variam, assim uma reavaliação médica periódica é fundamental. Os medicamentos são também imprescindíveis, nomeadamente os relaxantes musculares, pois permitem reduzir a tensão dos músculos e melhorar os movimentos.
Para além das consequências e limitações a nível físico, inerentes à doença, são também muitas as psicológicas, para o doente e consequentemente, para o cuidador, depressões e ansiedade são as mais frequentes. O grau de dependência que a Esclerose Múltipla desencadeia, assim como as mudanças comportamentais da doença, são fatores que esgotam bastante os familiares e cuidadores do doente de Esclerose Múltipla, levando muitas vezes a situações de solidão absoluta. De registar que a taxa de divórcios em famílias em que um dos cônjuges é doente é bastante elevada. Neste sentido a psicoterapia individual e de grupo, assim como o aconselhamento, ajudam bastante para enfrentar todas as limitações causadas pela doença.
Exercícios Físicos
O primeiro passo, antes de iniciar qualquer programa com exercícios físicos para pessoas com EM consiste em compreender o quadro clínico do aluno. Nesse aspecto seu médico deve ser consultado. Esse profissional poderá fornecer informações precisas a cerca do estágio de progressão da doença e das especificidades do quadro clínico atual. Poderá ainda indicar dificuldades e limitações fisiológicas peculiares de cada paciente, o que pode ser fundamental para a determinação de um programa adequado de exercícios. O contato com o médico deve ser mantido para que a constante troca de informações possa permitir intervenções coerentes ao longo do tempo.
A segunda etapa a considerar é verificar o histórico de atividades físicas e as principais dificuldades decorrentes de incapacidades. Informações sobre a adaptação de exercícios e preferências do indivíduo por alguma atividade específica são valiosas e devem ser registradas. A prática de uma atividade prazerosa pode influenciar favoravelmente na adesão ao programa.
Por último, destacamos a necessidade de avaliação da função motora. O estabelecimento de parâmetros para avaliação pode ser útil para quantificar a evolução do aluno.A atenção ao progresso da doença é importante para a orientação de exercícios físicos para pessoas com EM. Se houver exacerbação dos sintomas, deve-se interromper o exercício até que ocorra sua completa remissão. Após o retorno, o programa deve ser revisto e adaptado às condições presentes. Essas orientações geralmente são úteis para pessoas com EM recorrente-remitente. Na presença de indivíduos com tipo progressivo, ou seja, sem remissão da doença, a meta do programa deverá ser de simplesmente reduzir a deterioração física e otimizar as funções remanescentes.
Cuidados:
Controle da fadiga, cuidados para evitar o aumento da temperatura corporal (salas climatizadas e hidratação), cuidados com a espasticidade, evitar exercícios com alta velocidade de contração, facil acesso a sanitários, dialogo aberto com o instrutor.
Pilates x Esclerose Múltipla
A técnica colabora na melhora da coordenação das atividades conscientes e inconscientes. Um dos grandes benefícios é a diminuição da fadiga, mal que também afeta os pacientes com EM.
Os exercícios devem seguir uma lógica crescente de funcionalidade onde, para aqueles com maior déficit motor, sugere-se a aplicação de movimentos passivos, como, alongamentos lentos para os principais grupos musculares. A reeducação diafragmática e da musculatura acessória também entra na lista de benefícios.
Para indivíduos com maior nível de força são indicados alongamentos ativos e exercícios de resistência, com ou sem a ação da gravidade e com número de repetições próximo ao nível da fadiga.
Exercícios para melhora do equilíbrio também estão presentes e de maneira geral o Pilates melhora a consciência corporal (uma preciosidade para os portadores de EM que lutam com suas dormências), melhora a postura e também a flexibilidade e mobilidade.
DICA: Antes de iniciar a prática é importante ir ao médico e pedir um encaminhamento que libere a prática da atividade física, este deverá ser entregue ao instrutor para ser anexado a ficha de avaliação do aluno.
Fontes:www.anem.org.pt, www.efdeportes.com Revista Digital – Buenos Aires.
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