Os distúrbios do sono constituem uma manifestação frequente em doenças onde a dor exerce um papel importante. Nesses distúrbios além da sonolência diurna, outras manifestações devem ser levadas em conta como a fadiga, os distúrbios de humor e do raciocínio.
Diversas patologias apresentam piora dos sintomas à noite ou ao despertar, como é o caso das doenças reumatológicas como a fibromialgia, da isquemia miocárdica, da cefaléia, das queixas gastrointestinais, da dor tumoral, dos processos dentários e ainda dos distúrbios afetivos. Por outro lado, alteração do padrão de sono podem ser decorrentes de disfunções do organismo, tanto em crianças, como em adultos e idosos.
Pacientes com dor crônica apresentam redução da eficiência do sono, dificuldade para dormir e para o despertar. Além disso podem apresentar perfil depressivo. Dentre as condições que podem influenciar ou ser influenciadas pelo binômio dor e sono destacam-se os fatores psicogêncos e a atividade física. Estudos clínicos e experimentais tanto em humanos como em animais confirmam a associação entre o sono não reparador e manifestações dolorosas.
Este ciclo vicioso auto-sustentado apresenta de um lado o fator desencadeante, que é a dor crônica, que pode ser encarada como um agente estressor que ativa e mantém áreas do sistema nervoso central responsáveis pelo estado de alerta, enquanto descarta áreas responsáveis pelo início e manutenção do sono. Dessa forma, os distúrbios do sono aumentam à medida em que a dor aumenta. Por outro lado, a falta das funções restaurativas e reparativas do sono pode impedir o processo de cura, levando diretamente à dor, assim como pode afetar também áreas do SNC responsáveis por mobilizar mecanismos que são muito úteis para descartar a experiência dolorosa. Os distúrbios do sono causariam, portanto, diretamente mais dor e indiretamente um aumento da sensação dolorosa através da incapacidade do organismo de realizar mecanismos adaptativos.
Por que é preciso dormir?
O sono é fundamental para o funcionamento adequado do organismo. É neste período em que ocorre a produção de uma série de substâncias vitais para a saúde. Dentre essas substâncias destacam-se produtos envolvidos na manutenção do sono, na integridade do tecido muscular, nas vias de transmissão da dor e numa série de processos que resultam no equilíbrio do organismo e como vem sendo estudado mais recentemente na seleção de informações, fixação da memória e na aprendizagem eficiente.
Estrutura normal do sono
O sono é dividido em dois tipos: - sono REM (Rapid Eye Movements): é o estágio do sono no qual ocorre a maior parte dos sonhos e observa-se o maior relaxamento possível da musculatura. - sono não REM, que por sua vez é dividido em 4 estágios. No estágio 1 a pessoa apresenta um sono mais superficial, sendo que no estágio 2 consolida-se o sono propriamente dito. Os estágios 3 e 4 correspondem ao sono profundo. Durante uma mesma noite de sono a pessoa se encontra em diferentes estágios do sono diversas vezes.
A importância dos estágios do sono
Durante os estágios 1 e 2 do sono não REM o cérebro encontra-se em importante atividade. O sono profundo, ou seja, os estágios 3 e 4 do sono, são responsáveis pela característica restauradora do sono, ou seja, promovem descanso, disposição e energia para o organismo. Alguns sonhos podem ocorrer durante o sono profundo assim como a produção de substâncias relacionadas com a integridade dos músculos e nervos. Os estágios 3 e 4 do sono são também conhecidos como sono de ondas lentas ou sono delta, porque nestes estágios ocorre predomínio de uma onda lenta que tem este nome. No sono REM ocorre uma intensa atividade cerebral, tanto em termos de raciocínio como no que se refere à produção de diversas substâncias fundamentais para a vida, como hormônios e neurotransmissores. Deve-se ainda ressaltar que o sistema imunológico também é influenciado pelo sono profundo e sono REM. Portanto dormir bem ajuda na defesa do organismo contra processos infecciosos.
Métodos para o tratamento da dor crônica
Em geral são utilizados de maneira associada, conforme a necessidade de cada paciente. No aspecto medicamentoso, normalmente indica-se a utilização de analgésicos e antiinflamatórios concomitante ao uso de antidepressivos, neurolépticos e corticosteróides. Além dos medicamentos, outras abordagens multi e interdisciplinares são indicadas, entre elas a fisioterapia e a psicologia.
O método Pilates pode ser utilizado como instrumento do fisioterapeuta auxiliando no tratamento da dor crônica, entre os princípios da técnica esta a respiração, que leva a uma melhor oxigenação do corpo e promove o relaxamento. Os exercícios abrangem o nosso corpo de uma maneira uniforme, onde busca fortalecer, equilibrar e alongar a musculatura. Dentro da aula são feitos exercícios voltados para a condição física de cada aluno individualmente, respeitando seus limites e procurando alcançar uma melhora na qualidade de vida.
Algumas recomendações são dadas no sentido de obter uma melhor qualidade do sono:
- Prepare-se gradualmente para ir para a cama, tente não realizar muitas tarefas ou tomar grandes decisões no período da noite;
- Tente sempre ter horários regulares para dormir e acordar, e tente manter estes horários todos os dias;
- Evite estimulantes à noite, como café, chá preto, álcool, cigarro. Chocolates e muitas medicações para dor contêm cafeína, e devem ser evitados.
- Tenha um jantar leve;
- Pratique exercícios de relaxamento à noite antes de dormir e, se acordar durante a noite, respire profundamente. Imagine-se relaxando os músculos da cabeça até os pés;
- Tome um banho quente antes de deitar;
- Reserve o quarto para dormir. Televisão e equipamentos de exercícios não devem estar no quarto. Não trabalhar ou comer no quarto;
- Não se deve fazer cochilos durante o dia, exceto se você estiver acostumado e isto não prejudicar o seu sono noturno;
- Dormir à noite e despertar com luz do sol. A luz ajuda a consolidar o ciclo vigília-sono. Às vezes tratamentos com luz são recomendados pelos médicos na abordagem da insônia;
- Mantenha o quarto escuro e silencioso quando for dormir. O uso de tampões nos ouvidos deve ser estimulado caso existam barulhos no lado de fora;
- Diminua a ingestão de líquidos após as 18:00 horas, para diminuir a chance de ter que levantar para urinar;
- A cama é para dormir – se depois de 5 a 10 minutos você estiver acordado e não conseguir dormir, saia do quarto e vá fazer outra atividade, de preferência ler fora do quarto. Quando sentir sono, volte para a cama.
- Se estiver tendo dor à noite, discuta com o seu médico sobre o uso de uma dose maior de medicações para a dor antes de dormir;
- Aprenda técnicas de relaxamento, esse foi um tema abordado na sexta-feira dia 8 de outubro pelo programa Globo Reporter. Um bom exemplo é a técnica da meditação, vale a pena tentar, outra dica foram exercícios de respiração, vale a pena tentar!
- Evite pílulas para dormir, apesar de ajudarem a dormir mais rápido, a maior parte delas piora a qualidade do sono, pois inibem o sono profundo e exacerbam quadros depressivos pré-existentes. Consulte seu médico.
Fontes:
http://drfranciscobravim.site.med.br; http://tathianatrocoli.wordpress.com; http://www.fibromialgia.com.br; http://revistavivasaude.uol.com.br
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